Juan Lopes Regalón – Diretor Gerente da Silos Córdoba: «Inovar contribui para exportar enquanto que vender fora ajuda-nos a esquivar da crise»

A Gandaria é um nome próprio da economia regional. O seu trabalho exportador permitiu-lhe esquivar-se da recessão e irá acabar o ano de 2013 com 46 milhões de vendas. Para 2014, espera iniciar as obras da sua nova fábrica.

A Gandaria é uma das referências da economia de Córdoba, principalmente pela sua vertente exportadora – em 2012, as vendas para o exterior foram traduzidas em 82,5% do seu faturamento-, algo que lhe permitiu enganar a crise. Ainda que na realidade sob essa denominação exista um grupo empresarial, formado pela própria Silos Córdoba, que se dedica ao desenvolvimento, fabricação e montagem de instalações para armazenamento e conservação de cereais e é a principal linha de negócio da empresa, existem outras três divisões: Matra, a marca que tem este conglomerado para a maquinaria de transporte que incorpora os projetos da Silos Córdoba; Gandaria que fabrica e constrói instalações ganadeiras e cujas instalações se encontram em Jerez de los Caballeros; e Quinta Metálica, que se encarrega de revestimentos de zinco, cobre, titânio e estruturas metálicas para edifícios singulares. No total, a sua equipe é formada por 104 pessoas e as empresas autônomas que trabalham para o grupo incluem outros 30 ou 40 postos de trabalho, ligados diretamente à atividade da Silos Córdoba. O seu Diretor Gerente, Juan López Regalón, explica à ABC os pontos fundamentais da extraordinária caminhada desta empresa.

– Quanto preveem faturar em 2013?

Iremos acabar 2013 mais ou menos como 2012, quando o faturamento foi de 46 milhões. Em 2011, foi de cerca de 38,5. Mas no nosso negócio devemos calcular uma média de três ou quatro anos. Devido ao nosso tipo de projetos, um exercício pode danificar o pico de entregas e aumentam as vendas; logo, na melhor das hipóteses, caem um pouco. Se calcular a média, obtém a evolução. A nossa média de vendas tem crescido num ambiente marcado pela crise.

– Qual é o segredo para que, em plena crise, nos últimos exercícios, a Gandaria tenha conseguido aumentar o seu faturamento?

O segredo, se é que se pode chamar assim, é a estratégia de um processo de internacionalização que começamos em 1994 e que deu os seus frutos a médio e longo prazo. O nosso setor, onde se criam infraestruturas para empresas agrícolas, porque afinal de contas o armazenamento é uma infraestrutura para o setor agrícola, encontrava-se já bastante desenvolvido em Espanha. E decidimos sair a fins de 1994 e por isso hoje estamos em bastantes mercados e podemos ultrapassar a crise interna.

– Quase 20 anos depois de terem iniciado a vossa internacionalização, que percentagem do vosso faturamento é procedente das vendas para o estrangeiro e para quantos países exportam?

Em 2012 as vendas traduziram-se em 82,5% do faturamento e iremos continuar na mesma linha em 2013. Estamos numa média anual de 30 nações. Os principais clientes vão variando. A Rússia, de 2011 a 2013, foi o nosso principal mercado. Este ano, representa cerca de 15% do faturamento. Nesse país, fazemos instalações de armazenamento e conservação de cereais. Tem uma agricultura forte e está a modernizar as suas infraestruturas antiquadas. Necessitam de armazenamento e ali existe dinheiro para financiar obras.

– O que pensa das muitas empresas da região que começaram a exportar, devido à recessão?

Se sai de uma forma desesperada e sem uma estratégia bem definida, normalmente será pior a «emenda que o soneto». Mas, logicamente, vou ver sempre com bons olhos a saída para fora, porque no fim trata-se de diversificar o risco. É como se tivesse em Espanha um só cliente. Se esse cliente adoecer ou se constipar, iremos apanhar uma gripe grave.

– O vosso alto nível de exportações permitiu-vos esquivar da crise?

Sim, não estamos na linha de mercado da curva económica espanhola porque, graças às vendas no estrangeiro, caminhamos mais ao ritmo da economia mundial. E se tivéssemos estado somente na Europa desenvolvida, teríamos tido quebras na mesma.

– De qualquer forma, têm várias divisões. Houve alguma que tenha sido castigada pela crise?

A Gandaria e a Quinta Metálica foram as mais afetadas. Quando aqui entrou a recessão, não estavam a ter saída lá fora e começamos a sair já obrigados pela crise. Porque é que isso aconteceu? Porque o dia-a-dia destruía-nos. Felizmente, aproveitando a experiência da Silos Córdoba, está tudo novamente a voltar ao normal e estamos a dar a volta aos dados.

– Que mercados já têm marcado a vermelho para chegar a eles a curto prazo?

Estamos principalmente focados em países africanos. Das 15 nações que mais crescem na produção agrícola, sete são desse continente. Ali, existem países onde estamos a criar ações a curto prazo para entrar. Temos Angola, onde estamos a começar, Moçambique, onde já estamos a criar projetos, Nigéria e África do Sul. Posteriormente, no Brasil, que é bastante protecionista, estamos a ver que estratégias podemos utilizar para entrar, porque cresce bastante na produção agrícola e tem grandes necessidades de infraestruturas de armazenamento. E na Ásia já contamos com dois anos, onde temos vindo a envidar esforços. Vendemos no Vietname mas temos os postos olhos na Tailândia para lá entrarmos, onde temos feito algumas coisas mas onde não existe uma venda de projetos estável, e também na Malásia.

– Mas existe outra vertente importante que diferencia a atividade da Silos Córdoba, a inovação. Em maio, anunciaram que iriam transferir o vosso departamento de I+D+i para o polo tecnológico Rabaneles 21. Porque decidiram alterar a localização para esse espaço?

Primariamente por não termos espaço aqui em Las Quemadas. Depois, porque vimos outras vantagens. Além disso, alteramos o organograma: retiramos o desenvolvimento de produtos do departamento técnico e demos-lhe uma entidade mais forte. Porque o âmbito dos projetos tem um cumprimento de datas de entrega e faz com que o desenvolvimento de produtos e a inovação sejam feitos de forma algo lenta, com o tempo que sobrava.

– Quais são essas tais vantagens que Rabanales 21 vos oferece?

Estamos próximos dos grupos de investigação da Universidade, com os quais trabalhamos em normas internacionais e soluções construtivas. E tem umas infraestruturas para todo o tipo de reuniões, de trabalho… Ali, foi-nos cedido um espaço para montar uma instalação-piloto para realizar testes de máquinas e melhorias no produto, algo que não pudemos fazer aqui por não termos onde.

– Mas já contam com muitos anos com a aposta na inovação. Porque é fundamental para a Gandaria o I+D+i?

Porque no fim, para tornar um produto exportável e que tenha umas diferenças competitivas é necessário fazer algo diferente. Sempre tivemos desenvolvimento e inovação para que fossemos competitivos fora, mas no nosso último plano estratégico para os próximos 5 anos queremos apostar nas soluções para conservar e armazenar cereais; não se trata apenas da instalação do silo em si. Há uma aposta mais pela inovação e pelo desenvolvimento para diferenciar ainda mais essa nova visão do negócio à qual queremos chegar: proporcionar soluções integrais para o armazenamento e a conservação dos cereais.

– Então, para competir no estrangeiro, não existe outra solução além da diferenciação e excelência?

Claro. No nosso setor temos concorrentes turcos e chineses, cuja força principal é o preço.

– Em que medida a inovação vos ajudou a esquivar da crise?

Tem de inovar para poder vender fora. Inovar contribuiu para exportar, enquanto que vender fora ajudou-nos a esquivar da crise. O nosso investimento é quase todo focado na inovação de processos ou de produtos. Daí que o gasto no departamento de I+D+i representou 70% ou 80% de total de investimentos de 2012. Em 2013 a percentagem será semelhante.

– Têm um projeto para construir uma fábrica em El Carpio. Em que estado se encontra?

Está um pouco atrasado para podermos procurar o encaixe financeiro para que a longo prazo não nos traga problemas. Mas a ideia é que possamos iniciar as obras em 2014. Em 2015, entraria portanto em funcionamento. Estas instalações de Las Quemadas estão ficando pequenas para nós. Nos picos de produção estamos bastante estrangulados. Temos ali 10 000 metros de pavilhão de fabricação e armazenamento. O plano é abandonar esta sede e iríamos na íntegra para El Carpio. Também ali temos a possibilidade de fazer um desvio de comboio para a entrada de bobinas, de matérias-prima, e a saída dos nossos contentores. Isso seria feito numa segunda etapa.
Linha de trabalho

– Que gasto terá a Gandaria na sua fábrica de El Carpio?

O investimento previsto é de seis milhões.

– Relativamente à atividade, até onde pretendem crescer?

Existe um plano estratégico para os próximos cinco anos. E a nossa visão não é sermos apenas especialistas nos silos, mas sim em soluções de armazenamento, no projeto completo. Sempre fizemos maquinaria para a manipulação e armazenamento, mas queremos proporcionar mais uma solução chave na mão criando automatizações das instalações, que já estão em curso, dos projetos: desde que o grão chega da máquina de colheita ou do caminhão até ser guardado por um período em que se pode ir consumindo, é necessário limpá-lo, secá-lo se necessário, armazená-lo…Então queremos, de todos esses processos, fazer a instalação completa. É o que estamos a fazer e desejamos avançar e nos posicionar como líderes na Europa no que diz respeito a essa solução completa. Agora, somos mais conhecidos pela fabricação de silos, matéria na qual estamos entre os líderes europeus, e pela fabricação de algumas máquinas; mas não pela solução integral.

– Para terminar vou fazer-lhe uma pergunta geral. Primeiro, queria saber como vê a situação da economia de Córdoba.

Está bastante triste. É fruto também de uma estratégia tomada, muito baseada num modelo de negócio da construção. Caiu a economia e todos os auxiliares que trabalhavam para ela, e que ainda eram bastantes. A tarefa pendente de Córdoba é alterar esse modelo, algo que não é fácil fazer. Não é algo que se faça a curto prazo. Essa é a tarefa pendente. Já para não falar que é necessário muito mais envolvimento da parte de todos. Mas aqui conformamo-nos com qualquer coisa e isso não é bom.

– Última pergunta, mas a mais complicada. Acredita que 2014 vai ser o ano no qual a região vai iniciar a sua reativação?

Para lhe ser sincero, penso que não. Gostaria que assim fosse, mas 2014 não vai trazer mais crédito, porque no ano que vem a banca ainda prevê que deve providenciar uma parte dos que estão relacionados com a construção e será caracterizado pela demora. Os bancos também não podem fazer muito. Podem fazer mais as autoridades políticas comunitárias, principalmente e as espanholas de abrir um pouco mais os cordões à bolsa, que estão tão apertados. Se não existir consumo, porque existe pouco crédito e temos quase cinco milhões de desempregados, somos como uma cobra a morder a própria cauda. Reativar o consumo e alterar a tendência não é fácil.

Frases:

Exportação: representou em 2012 82% do faturamento e iremos continuar na mesma linha em 2013.

Inovação: no ano passado o gasto no departamento de I+D+i representou 70% ou 80% de total de investimentos.

Nova instalação: a ideia é iniciar as obras da fábrica de El Carpio em 2014. Será um investimento de 6 milhões.

Fonte: ABC

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